30 de junho de 2004

George Pichard
(17/1/1920 - 9/6/2003, France)
















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23 de junho de 2004

EX-EROTICIS








21 de junho de 2004

"Um refeição destinada a culminar numa orgia sexual tem tendência para seguir directamente para as partes que precisam de alimento, como se fosse para lá dirigida pelo agulheirozinho que regula o tráfico no sistema vegestativo. Começámos por ostras e caviar que se seguiu a uma deliciosa sopa de rabo de boi, bife à café, puré de batatam ervilhas à francesa, queijo e fatias de pêssego com natas, tudo acompanhado por um autêntico Pommard, que a Marjorie desencantara. Com o café e os licores saboreámos uma segunda sobremesa: um sorvete francês a nadar em Benedictine e uísque. Entre os pratos, a Marjorie brincava com a picha do Ulric. Entretanto os quimonos tinham-se aberto e os seios estavam expostos, assim como os umbigos que subiam e desciam suavemente. Um dos mamilos da Marjorie mergulhou, sem ela dar por isso, nas natas batidas, o que me deu ensejo de lho chupar um momento ou dois. Ulric tentou equilibrar um pires na gaita, mas não conseguiu. Decorria tudo alegremente.
Enquanto mordiscámos as tartes, os bolinhos de creme, os napoleões e sei lá que mais as mulheres tinham arranjado, começámos a conversar naturalmente acerca dos velhos tempos. Elas haviam mudado de lugar e estavam aninhadas no nosso colo. Tinham sido necessárias muitas contorções e gargalhadinhas. De vez em quando, um de nós tinha um orgasmo, calava-se um bocado e depois refazia-se com a ajuda do sorvete mergulhado em Benedictine e uísque.
A certa altura mudámos da mesa para os divãs e, entre breves passagens pelo o sono, continuámos a conversa acerca dos assuntos mais diversos. Era uma conversa simples e natural e nenhum de nós se sentia embaraçado se, no meio de uma frase, adormecida. As luzes estavam veladas, entrava uma brisa tépida e fragante pelas janelas abertas e estávamos todos tão completamente saciados que não tinha a mínima importância o que se dizia ou que se perguntava."

Henry Miller, Plexus.

19 de junho de 2004

" Cosmocópula"

I
Membro a pino
dia é macho
submarino
è entre coxas
teu mergulho
vìcio de ostras.

II
O corpo é praia a boca é a nascente
e é na vulva que a areia é mais sedente
poro a poro vou sendo o curso da água
da tua lìngua demasiada e lenta
dentes e unhas rebentam como pinhas
de carnívoras plantas te é meu ventre
abro-te as coxas e deixo-te crescer
duro e cheiroso como o aloendro.

Natália Correia
"o AMOR DAS FÊMEAS"

Amavam-se. E que longo amor tinham as duas,
quando no leito, a sós, ambas se viam nuas,
ao romper da manhã!...

Os corpos brancos de uma alvura de nevoeiro,
apetitosos como frutos em janeiro
e os seios num contorno iriente de romã...

Enlaçavam docemente os mais vermelhos beijos,
numa febre de amor, numa ternura louca,
entre gritos do snague e ardências dos desejos.

Noites brancas! Na sede ardentíssima do gozo,
que frémitos! Da carne o insaciado ardor
rói o sexo que explui, a crepitar, furioso,
injectado de amor...

Xavier de Carvalho, Poesia Humana
"Drop your cocks and grab your socks." Canterbury

16 de junho de 2004

Do outro lado do biombo, ela despia-se lentamente, em movimentos suaves de receio pelo o inesperado. Ele estava sentado numa cadeira sem braços no meio de um tapete oval, de costas para as caricatas sombras projectadas na parede de seda bordada. Ao tirar a ultima meia, sai detrás do biombo, nua, descalça caminha até ficar frente a frente com o homem, olha-o nos olhos, as mãos estremecem inquietas e a retina incendeia-se mal os olhares se cruzam, ela repentinamente vira-se de costas, fica de frente para o homem que estava sentado no sofá encostado à janela, esse aproxima-se, ajoelha-se à sua frente, levando os lábios até ao tornozelo sedoso, deixando os lábios deslizarem pela tez suave, da perna até à coxa, seguindo sorrateiramente para a virilha, ergue a mão direita, puxa-lhe os pelos púbicos com força, fazendo-a recuar, essa fica encostada ao homem que estava na cadeira. Esse roça-se contra ela e diz-lhe ao ouvido: “ apetece-me enrolar-te em seda” enquanto o outro homem lhe afasta os lábios tépidos da vagina com as mãos, o homem que está de joelhos no chão, penetra-a com o dedo indicador da mão esquerda, enquanto que com a direita continua a puxar-lhe os pelos púbicos com força…

9 de junho de 2004

4 de junho de 2004

VELUDO

Sobre um corpo de gatas duas mãos deslizam, tocam, apalpam, contornam as coxas e em exímio o pêndulo penetra o convés do barco. Um gemido fervoroso sem pudor perde-se no ar. O pêndulo sai, a gruta não está quente o suficiente, e o imperador impregna com a sua a mão afável um estalo sobre as nádegas da imperatriz e em eco de deleite produz-se líquido exótico na vulva assanhada. As coxas estremecem ao sabor do deleite inspirado pelo o boreal toque inesperado. O pêndulo oscila na sua direcção a alta velocidade penetrando a bruma que oculta o desejo supremo. Água nasce igualmente na boca dos dois amantes. Movimentos vorazes unem-se a sons indivisíveis. Sentindo a proximidade do júbilo de ambos, ele retira o pêndulo dizendo para que ela se deixe estar de quatro, sem se mexer. Ela não consegue falar a libido controla-a, apenas geme de ânsia pelo o que ficou por completar. Ela suspira, retira a mão do chão passa-a pelo mamilo e aperta-o, de seguida deixa a mão deslizar do peito até ao umbigo e do umbigo até à vagina, olha para o lado e vê o de pernas abertas a esfregar a protuberância. Ela sem conseguir falar, sorri-lhe e deixa um dedo escorregar por entre as bordas do barco entre as suas coxas toca no barqueiro hirto e desfalece em espasmos luxuriantes.
De gatas desliza até ao homem sentado inundando-o de desejo. Põem-se de cócoras à sua frente e que nem uma gata lambe-lhe o escroto com a ponta da língua içada, depois com a sua delicada mão segura-o, olha-o, larga-o e leva a mão até à vulva, onde recolhe o néctar que lhe abunda, espalha-o no pêndulo que se torna em aço, deita novamente a mão à violácea penetra-a extraindo mais néctar. Levanta-se e esfrega-lhe a mão na cara em tom de provocação. Inclina-se dá-lhe uma dentada no pescoço e com a ponta dos dedos segura-lhe o mamilo esquerdo puxa-o, troce-o, volta a pô-lo no lugar apertando-o até ele gritar ao som do prazer diluído com a dor. Ele imediatamente agarra-lhe as nádegas e espreme-as contra as mãos, explorando o botãozinho róseo com a ponta do dedo indicador da mão direita. Com ele penetra o convés do barco sem pedir autorização ao barqueiro e vai buscar guarnição para a viagem. Volta ao botãozinho místico, munido de mais suco, para brincar. Faz apenas pressão ao de leve para descontrair os músculos, retira o dedo da entrada do palácio, empurra-a para baixo para que ela se sente à medida que lhe dá beijos e dentadas nos seios e barriga. Ela quase a tocar com os joelhos no chão engole o imperador num só gole e com ele por entre os lábios deixa a língua vibrar que nem uma cobra que afaga a sua vítima. Ele comovido respira fundo passa-lhe a mão pelo pescoço e repentinamente abre os dedos enfia-os rumo à nuca e com a mão firme agarra-lhe os cabelos ondulados puxa-lhe pela cabeça para que ela retire os lábios e língua. Ela ajoelha-se e em suplício lambe-lhe as bolsas, afasta-se, olha para ele enquanto empurra os mamilos para dentro em símbolos da necessidade de apagar o fogo que se instalou no barco. Ele levanta-se agarra-a por um braço, deita-a em cima da cama de barriga para baixo e com os joelhos no chão, ajoelha-se por trás dela põem-lhe as mãos nos ombros e fá-las descer à medida que deixa o corpo deslizar até encontrar o dela, diz-lhe ao ouvido, estas a provocar-me? E encosta a ponta do pêndulo à flor rósea como se o pêndulo se tivesse transformado numa abelha que rodeia a flor, ele anda de flor em flor a sugar o orvalho matinal, e o orvalho espalha-se pelas pétalas. Mas o pêndulo gosta tanto de flores que fica morto de ânsia por saber como seria o toque, qual seria a sensação que o botãozinho por desflorar poderia produzir? E na ânsia desmedida pela curiosidade, rompe rumo ao botãozinho, e esse engole a ponta do pêndulo e as coxas dela transformam-se numa égua. Ele dá-lhe uma dentada no ombro perto do pescoço, beija-lhe as costas há medida que lhe dá dentadas até chegar aos montes das colinas de veludo, com as duas mãos segura-lhe as colinas gémeas do vale de veludo, beija-as, morde-as, aperta-as, venera-as e penetra-as com a língua ávida rumo ao vale de todos os segredos, no meio encontra-se o botãozinho róseo, e em lambidelas compassadas, tremulas e vigorosas, delicia-se e ela geme, o prazer tornara-se em suplicio que tem de ser satisfeito e expelido. Os corpos dos dois amantes vibram, e ele torna-se em céu, nuvens e chuva, regando-lhe a terra para que o botãozinho possa eclodir. Após a chuva deixar a terra húmida o pêndulo salta de curiosidade, no corpo instala-se o desejo que tem de ser satisfeito custe o que custar. Ele também contém sementes que anseiam se espalhar. E em murmúrios não traduzíveis ajeita-se e deixa o pêndulo furar o botãozinho, devagar, sem pressa alguma, todo o momento é sereno, afável e único. O pêndulo escorrega, rompe a terra, o botãozinho e descobre a planície estreita de veludo que o delícia, o botãozinho torna-se em botão, e as semente são espalhadas no vale de veludo que ondula ao sabor do tremor de terra que o pêndulo provocou. E na calada da noite os amantes colados descobrem que sempre pertenceram um ao outro.

1 de junho de 2004