29 de abril de 2005


Torso No. 2. Regina, 1976, Jan Saudek Posted by Hello

27 de abril de 2005

VELUDO

Sobre um corpo de gatas duas mãos deslizam, tocam, apalpam, contornam as coxas e em exímio o pêndulo penetra o convés do barco. Um gemido fervoroso sem pudor perde-se no ar. O pêndulo sai, a gruta não está quente o suficiente, e o imperador impregna com a sua a mão afável um estalo sobre as nádegas da imperatriz e em eco de deleite produz-se líquido exótico na vulva assanhada. As coxas estremecem ao sabor do deleite inspirado pelo o boreal toque inesperado. O pêndulo oscila na sua direcção a alta velocidade penetrando a bruma que oculta o desejo supremo. Água nasce igualmente na boca dos dois amantes. Movimentos vorazes unem-se a sons indivisíveis. Sentindo a proximidade do júbilo de ambos, ele retira o pêndulo dizendo para que ela se deixe estar de quatro, sem se mexer. Ela não consegue falar a libido controla-a, apenas geme de ânsia pelo o que ficou por completar. Ela suspira, retira a mão do chão passa-a pelo mamilo e aperta-o, de seguida deixa a mão deslizar do peito até ao umbigo e do umbigo até à vagina, olha para o lado e vê o de pernas abertas a esfregar a protuberância. Ela sem conseguir falar, sorri-lhe e deixa um dedo escorregar por entre as bordas do barco entre as suas coxas toca no barqueiro hirto e desfalece em espasmos luxuriantes.
De gatas desliza até ao homem sentado inundando-o de desejo. Põem-se de cócoras à sua frente e que nem uma gata lambe-lhe o escroto com a ponta da língua içada, depois com a sua delicada mão segura-o, olha-o, larga-o e leva a mão até à vulva, onde recolhe o néctar que lhe abunda, espalha-o no pêndulo que se torna em aço, deita novamente a mão à violácea penetra-a extraindo mais néctar. Levanta-se e esfrega-lhe a mão na cara em tom de provocação. Inclina-se dá-lhe uma dentada no pescoço e com a ponta dos dedos segura-lhe o mamilo esquerdo puxa-o, troce-o, volta a pô-lo no lugar apertando-o até ele gritar ao som do prazer diluído com a dor. Ele imediatamente agarra-lhe as nádegas e espreme-as contra as mãos, explorando o botãozinho róseo com a ponta do dedo indicador da mão direita. Com ele penetra o convés do barco sem pedir autorização ao barqueiro e vai buscar guarnição para a viagem. Volta ao botãozinho místico, munido de mais suco, para brincar. Faz apenas pressão ao de leve para descontrair os músculos, retira o dedo da entrada do palácio, empurra-a para baixo para que ela se sente à medida que lhe dá beijos e dentadas nos seios e barriga. Ela quase a tocar com os joelhos no chão engole o imperador num só gole e com ele por entre os lábios deixa a língua vibrar que nem uma cobra que afaga a sua vítima. Ele comovido respira fundo passa-lhe a mão pelo pescoço e repentinamente abre os dedos enfia-os rumo à nuca e com a mão firme agarra-lhe os cabelos ondulados puxa-lhe pela cabeça para que ela retire os lábios e língua. Ela ajoelha-se e em suplício lambe-lhe as bolsas, afasta-se, olha para ele enquanto empurra os mamilos para dentro em símbolos da necessidade de apagar o fogo que se instalou no barco. Ele levanta-se agarra-a por um braço, deita-a em cima da cama de barriga para baixo e com os joelhos no chão, ajoelha-se por trás dela põem-lhe as mãos nos ombros e fá-las descer à medida que deixa o corpo deslizar até encontrar o dela, diz-lhe ao ouvido, estas a provocar-me? E encosta a ponta do pêndulo à flor rósea como se o pêndulo se tivesse transformado numa abelha que rodeia a flor, ele anda de flor em flor a sugar o orvalho matinal, e o orvalho espalha-se pelas pétalas. Mas o pêndulo gosta tanto de flores que fica morto de ânsia por saber como seria o toque, qual seria a sensação que o botãozinho por desflorar poderia produzir? E na ânsia desmedida pela curiosidade, rompe rumo ao botãozinho, e esse engole a ponta do pêndulo e as coxas dela transformam-se numa égua. Ele dá-lhe uma dentada no ombro perto do pescoço, beija-lhe as costas há medida que lhe dá dentadas até chegar aos montes das colinas de veludo, com as duas mãos segura-lhe as colinas gémeas do vale de veludo, beija-as, morde-as, aperta-as, venera-as e penetra-as com a língua ávida rumo ao vale de todos os segredos, no meio encontra-se o botãozinho róseo, e em lambidelas compassadas, tremulas e vigorosas, delicia-se e ela geme, o prazer tornara-se em suplicio que tem de ser satisfeito e expelido. Os corpos dos dois amantes vibram, e ele torna-se em céu, nuvens e chuva, regando-lhe a terra para que o botãozinho possa eclodir. Após a chuva deixar a terra húmida o pêndulo salta de curiosidade, no corpo instala-se o desejo que tem de ser satisfeito custe o que custar. Ele também contém sementes que anseiam se espalhar. E em murmúrios não traduzíveis ajeita-se e deixa o pêndulo furar o botãozinho, devagar, sem pressa alguma, todo o momento é sereno, afável e único. O pêndulo escorrega, rompe a terra, o botãozinho e descobre a planície estreita de veludo que o delícia, o botãozinho torna-se em botão, e as semente são espalhadas no vale de veludo que ondula ao sabor do tremor de terra que o pêndulo provocou. E na calada da noite os amantes colados descobrem que sempre pertenceram um ao outro.
"Love knows no virtue, no profit; it loves and forgives and suffers everything, because it must. It is not judment that leads us; it is neither the advantages nor the faults wich we discover, that make us abandon ourselves, or that repel us.

It is a sweet, soft, enigmatic power that drives us on. We cease to think, to feel, to will, we let ourselves be carried away by it..."

Venus in Furs, Masoch

25 de abril de 2005

ENTREVISTA
"AS PALAVRAS COMER E FODER"
do + ou - 1800 segundos, o Noticias Actual e Tal

APRESENTADOR

Olá, bem-vindos a este espaço …Aqui entrevistamos pessoas.
Neste fantástico programa, vamos dar a conhecer ao Sr. Telespectador as palavras Comer e Foder. Bem dar a conhecer não… quem é que escreveu isto? Fazem-me dizer cá com cada barbaridade. As palavras coisa nenhuma… os verbos comer e foder.
Eu como,
Tu comes,
Ele come,
Nós comemos,
Vós comeis,
Eles comem.

ENTREVISTADO

Eu Fo…

APRESENTADOR

Oh homem, isso não se pode dizer em televisão assim, descaradamente.

ENTREVISTADO

Tu fo… e por ai fora
Ele fo…

APRESENTADOR

Bem, isso já é com ele

ENTREVISTADO

Nós fode…

APRESENTADOR

Sim julgo que sim. Pelo menos alguns… Senão como é que procriávamos?

ENTREVISTADO

Sim, é isso mesmo que vou abordar.
Comer e foder, são duas coisas que incitam imenso prazer à humanidade em geral. Senão o são algo de errado se passa, com esses congéneres. Afinal porquê lirismos, ao que me parece são as únicas coisas que nos transportaram até aos dias de hoje.

APRESENTADOR

Pois se absorvermos a ideia fundamental do comer e do foder, tudo o resto são etc.

ENTREVISTADO

Sim, desde que exista também o dormir, AH AH AH AH.

APRESENTADOR

Sim, mas por vezes o comer e o coiso não são compatíveis

ENTREVISTADO

Sim, temos o caso da paragem de digestão.
Talvez seja por isso que a humanidade resolveu associar, comer e foder no sentido literal, e não realmente coiso e comer.
Então utilizam o quero comer-te, em vez do que foder-te.
Sim, parece canibalismo, mas não é bem isso…

APRESENTADOR

Sim, trata-se de uma bela afinidade entre dois aspectos do ser humano.

ENTREVISTADO

Pois, comer implica pormos alimento no corpo pela boca, embora no sexo, também se ponham coisa na boca, e…

APRESENTADOR

Com toda a certeza elas, tanto no homem como na mulher têm a sua própria digestão.

ENTREVISTADO

Pois, não sei! Isso interessa?

APRESENTADOR

Não???
Ok, e o acto de mastigar?

ENTREVISTADO

Ora ai está um bom exemplo.
É o símbolo do truca e truca, veja bem, os dentes encaixam-se uns nos outros, o homem com a mulher também se encaixam, o homem com o homem também, a mulher com a mulher…
Mastigar faz libertar saliva tal como no truca e truca.

APRESENTADOR

Mas será a saliva um expoente máximo de um orgasmo?

ENTREVISTADO

Julgo que não, pelo menos não é tão intenso.
Embora quando comemos, ou vemos algo que gostamos é bom salivar, quer dizer que nos agrada.

APRESENTADOR

Então onde está a ponte de ligação entre o orgasmo, o sexo e o comer?

ENTREVISTADO

O fluxo de sangue transporta os nutrientes, que são os alimentos fragmentados, ai a pulsação eleva-se e o sangue transporta os nutrientes para as células. No orgasmo o homem também liberta os seus nutrientes, neste caso acumulados em duas bolsas e esses nutrientes percorrem, bem quando percorrem, a vagina, útero, etc, da mulher na esperança de alimentar o óvulo.

APRESENTADOR

Sim, brilhante...
Caros telespectadores, espero que tenham ficado tão esclarecidos quanto eu. Aqui me despeço, até ao próximo programa.

17 de abril de 2005

Epigrama

Amar, foder: uma união
De prazeres que não separo.
A volúpia e os prazeres são
O que a alma possui de mais raro.
Caralho, cona e corações
Juntam-se em doces efusões
Que os crentes censuram, os loucos.
Reflete nisso, oh minha amada:
Amar sem foder é bem pouco,
Foder sem amar não é nada.


La Fontaine

15 de abril de 2005


... Posted by Hello
Se tu viesses ver-me hoje à tardinha

Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus barcos...

Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...

Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri

E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...

Florbela Espanca
Charneca em flor

Enche o meu peito, num encanto mago,
O frémito das coisas dolorosas...
Sob as urzes queimadas nascem rosas...
Nos meus olhos as lágrimas apago...

Anseio! Asas abertas! O que trago
Em mim? Eu oiço bocas silenciosas
Murmurar-me as palavras misteriosas
Que perturbam meu ser como um afago!

E, nesta febre ansiosa que me invade,
Dispo a minha mortalha, o meu burel,
E já não sou, Amor, Soror Saudade...

Olhos a arder em êxtases de amor,
Boca a saber a sol, a fruto, a mel:
Sou a charneca rude a abrir em flor!


Florbela Espanca

4 de abril de 2005


... Posted by Hello
Anda…
Segue-me
Persegue-me
Envolve-me
Com um lenço de seda
Projectado pela retina inflamada do desejo
Anda…
Olha para o que não tocas
Anda…
Passo a passo a meu lado
Contorce-te ao som dos meus gemidos
Numa noite gélida, sobre o céu azul-escuro
Anda…
Ama-me
Anda…
Olha-me nos olhos
Anda…
Beija-me os lábios pintados de rubro inflamado
Anda…
Amassa-me em cornucópias de abraços apertados
Anda…
Cola-me ao teu corpo suado
Anda…
Tira-me o folgo
Anda…
Num labirinto feito de seda,
Deslizar, trocar o olhar, que nos ilude.
Num labirinto feito de seda,
Dispo-me
Esfrego-me
Confundindo-te com a seda.
Alimento a alma sequiosa do limiar que nos separa
A retina perdida,
Numa conjunção de traços dispersos sobre a pele desfeita
Num labirinto feito de seda,
Danço para ti
Num labirinto feito de seda,
Vergo-me a ti
Num labirinto feito de seda,
A eternidade do meu amor
Rodopia em círculos invisíveis
Até te alcançar.
Anda…
Dá-me a mão
Fecha os olhos
Anda…
O labirinto feito de seda chama por nós
Anda…
Dá-me os lábios para saborear
As mãos para que elas me toquem no fundo da alma
No fundo do poço…
Aquele poço em que te queres perder
Ele não tem fim
É um cair eterno dentro de mim
Anda…
O labirinto não tem fim, nem principio
Ele é feito dos nossos corpos nus…
O labirinto chama por nós
Anda…

1 de abril de 2005


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