22 de outubro de 2006



Anda…
Segue-me
Persegue-me
Envolve-me
Com um lenço de seda
Projectado pela retina inflamada do desejo
Anda…
Olha para o que não tocas
Anda…
Passo a passo a meu lado
Contorce-te ao som dos meus gemidos
Numa noite gélida, sobre o céu azul-escuro
Anda…
Ama-me
Anda…
Olha-me nos olhos
Anda…
Beija-me os lábios pintados de rubro inflamado
Anda…
Amassa-me em cornucópias de abraços apertados
Anda…
Cola-me ao teu corpo suado
Anda…
Tira-me o folgo
Anda…
Num labirinto feito de seda,
Deslizar, trocar o olhar, que nos ilude.
Num labirinto feito de seda,
Dispo-me
Esfrego-me
Confundindo-te com a seda.
Alimento a alma sequiosa do limiar que nos separa
A retina perdida,
Numa conjunção de traços dispersos sobre a pele desfeita
Num labirinto feito de seda,
Danço para ti
Num labirinto feito de seda,
Vergo-me a ti
Num labirinto feito de seda,
A eternidade do meu amor
Rodopia em círculos invisíveis
Até te alcançar.
Anda…
Dá-me a mão
Fecha os olhos
Anda…
O labirinto feito de seda chama por nós
Anda…
Dá-me os lábios para saborear
As mãos para que elas toquem no fundo da minha alma
No fundo do poço…
Aquele poço em que te queres perder
Ele não tem fim
É um cair eterno dentro de mim
Anda…
O labirinto não tem fim, nem principio
Ele é feito dos nossos corpos nus…
O labirinto chama por nós
Anda…