26 de novembro de 2006


11 de novembro de 2006

A prostituta sagrada dança envolta de plumas plasmáticas de energias imensuráveis. Mil cores são projectadas sobre o breu das almas sedentas de paixão pela complementaridade. A seriedade da norma desvanece ao som dos ardentes gemidos que a carne produz ao se enlaçar. Gancho que se insere no travessão caloroso da bainha húmida, doce, quente e escorregadia. O corpo não aguenta mais a emoção do toque da carne envolta de beijos rubros de olhares translúcidos. Em carrossel tornamo-nos, cornucópias aladas de sabores afáveis. Lentamente tentamos penetrar a alma, ficamos na expectativa que ela se una. Gemidos, cânticos divinos que aceleram a intensidade do momento. A doce dor isentasse de fundamento, e torna-se em murmúrio incandescente. Abraçados até ao infinito rodopiam compenetrados pelo ritmo do orgasmo dionisíaco que lhes eleva o corpo à alma. O espírito desce sobre o corpo, e tudo se dilui em uma palete de cores em espiral infinita de deleito pelo usual. Passam a ser um só e tudo se torna dual ao seu redor, e a prostituta sagrada desce à terra por uma escada de folhas fálicas vindas desde o início do nada, ela traz consigo o suspiro divino que enleia as almas em deleite, semeando o amor fantasiado por gemidos provindos da tentativa de capturar, aquele único momento em que tudo se torna inigualavelmente inesquecível.

5 de novembro de 2006

A cadeira de veludo vermelha

Há medida que caminhavam no corredor um atrás do outro, ele subtilmente agarra-a pela cintura, encostando-se fervorosamente, enquanto lhe afasta o cabelo do ouvido murmurando: o que te fez demorar? Num ângulo sinuoso os olhares tocam-se e por entre os lábios dela sai um sorriso frágil como resposta. As mãos, que nesse momento seguravam as ancas, deslizam de volta para os bolsos. Ambos ficam parados, ele espera impacientemente que ela dê o primeiro passo, e ela embirrentamente permanece parada. O silêncio cai e com ele soa o som da chuva que cai em Agosto, gota a gota repentinamente a chuva desfaz-se contra o chão demarcando a gradação do desejo. Ao som da chuva uma das mãos é novamente retirada do bolso, trémula e inquieta toca na nuca e devagar prossegue rumo à mulher, a instantes de lhe tocar no ombro ela avança, ele fica para trás, quieto, até ela desvanecer pela porta do quarto, assim ele avança repentinamente até a encontrar junto da janela do quarto a observar a chuva que agravava segundo a segundo a sua sinfonia. Passo a passo dirige-se a ela, agarra-a pelas ancas, morde-a junto do ombro, vira-a, olha-a nos olhos, beija-lhe um dos lábios mordendo-o ao mesmo tempo que lhe segura as duas mãos, inesperadamente puxa-a encosta-a sobre o cadeira de veludo vermelha no meio do quarto, encosta-se sobre o corpo vestido, de modo a que não consiga fugir. De seguida leva as mãos à cintura e retira o cinto. Enrola-o numa mão enquanto com a outra desaperta-lhe as calças deixando-a nua pela cintura, afasta-se olha-a, e de seguida bate-lhe no rabo com o cinto até ficar vermelho rosado, larga o cinto, deixa-se cair de joelhos no chão, encosta-se, e ambas as faces encontram-se e ele pergunta novamente: porque demoraste? Ela esboça novamente um sorriso há medida que ele comprime o corpo contra o dela. Queria que as roupas se desfizessem, para mergulhar dentro dela, para se enlear em teias orgânicas de prazer, desejo impossível de desvanecer. Deixa então o corpo comprimido por cima do dela, retira as mãos dos ombros e leva-as à cintura, tira as calças apressadamente, apoia-se novamente nos ombros dela e diz-lhe ao ouvido: porque demoraste? Ao mesmo tempo que a penetra e desliza por ela em movimentos cíclicos. A chuva cai lá fora, uma intempérie despontou da ânsia de possuir. Ele pergunta novamente: porque demoraste? Morde-lhe o lóbulo da orelha à medida que os movimentos de ambos aumentam de intensidade como a chama de uma vela se ergue ao se incendiar o pavio, perto do colapso de vontades ambos colidem um sobre o outro, ao caírem no chão o homem segreda-lhe: porque demoraste, não voltes a sair de junto de mim. Ela com o coração a pulsar volta a face e sorri, no chão em posição fetal abraçados, entrelaçados em carne, ela vira novamente a face e ele retribui-lhe com um beijo, desfalecem num único espasmo incandescente… enleados pela certeza de um sentimento surreal concreto.