5 de setembro de 2004

Uma lágrima desce-me pela bainha,
Lambe-a, suga-a com fervor.
Com paixão pelo momento.
Para que eu grite.
Para que eu expedia
Este sentimento que me pesa.
Que me incute desejo inquieto.
Aproxima-te do limiar,
Da minha contemplação.
Queres atingir a divindade?
Não podes.
Não partilhas os teus sucos
Com a sua predisposição.
Lambe-me!
Pois o meu suor é o orvalho da criação.
Viaja então pelo meu mundo de perdição.
Em troca levantarei o véu do meu coração.
Apenas a ti darei a chave eterna,
Que abre a caixa das absolvições efémeras.
Sou como a lua.
Nem sempre visível mas sempre presente.
Senhor do desejo
Sei o que queres.
Sei que te moves apenas porque anseias,
Tocar-me com as tuas mãos.
Então eleva-me
Para que me possa recostar
Sobre o teu adorado
Espinhoso colo sagrado.

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