19 de junho de 2004

"o AMOR DAS FÊMEAS"

Amavam-se. E que longo amor tinham as duas,
quando no leito, a sós, ambas se viam nuas,
ao romper da manhã!...

Os corpos brancos de uma alvura de nevoeiro,
apetitosos como frutos em janeiro
e os seios num contorno iriente de romã...

Enlaçavam docemente os mais vermelhos beijos,
numa febre de amor, numa ternura louca,
entre gritos do snague e ardências dos desejos.

Noites brancas! Na sede ardentíssima do gozo,
que frémitos! Da carne o insaciado ardor
rói o sexo que explui, a crepitar, furioso,
injectado de amor...

Xavier de Carvalho, Poesia Humana

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