6 de fevereiro de 2005

"Deve-se estar sempre embriagado. Nada mais conta. Para não sentir o horrível fardo do Tempo que esmaga os vossos ombros e vos faz pender para a terra, deveis embriagar.vos sem tréguas.
Mas de quê? De vinho, de poesia ou de virtude, à vossa escolha. Mas embriagai.vos.
E se algumas vezes, nos degraus de um palácio, na erva verde de uma vala, na solidão baça do vosso quarto, acordais, já diminuída ou desaparecida a embriaguez, perguntai ao vento, á vaga, á estrela, á ave, ao relógio, a tudo o que foge, a tudo o que geme, a tudo o que rola, a tudo o que canta, a tudo o que fala, perguntai que horas são; e o vento, a vaga, a estrela, a ave, o relógio, vos responderão: " São horas de vos embriagardes! Para não serdes os escravos martirizados do Tempo, embriagai.vos sem cessar! De vinho, de poesia ou de virtude, à vossa escolha"

Baudelaire

Sem comentários: