21 de abril de 2004

"Eros e Psique na Era moderna"

Alguém acendeu a luz do candeeiro que está ao canto da sala. Ouvem-se passos na direcção da cadeira onde me encontro sentada, é de veludo azul escura. Roço as pernas por ela, sinto a minha pele a deslizar, fico toda arrepiada. Quando de súbito, por detrás de mim, alguém faz deslizar as suas mãos pelos meus ombros, até que as pontas dos seus dedos me atingem os seios, deslizam por eles tal como as minhas pernas pelo veludo da cadeira, dominantemente possuídas de fervor. Tento virar a cabeça em vão, assim que me movo ele tira a mão do meu seio direito para me segurar a cabeça, para que ela permaneça estática, parada, serena. Com a outra mão aperta-me o outro seio, quer como que o arrancar, é o esquerdo, mais perto do coração, de seguida solta-o devagar mas com firmeza e aperta-me ambos os mamilos, e diz em voz trémula, na tentativa de esconder o ofegante som da respiração: Despe-te e senta-te na cadeira. Quero que a inundes de seiva, com esse precioso néctar que no teu ventre nasce, e na minha língua renascerá. Não podes olhar para mim! Não quero que me vejas! Ordeno e desejo, apenas que julgues a minha presença como fragmento do teu anseio. Fazendo com que me tornes na tua fantasia personificada. Serei o objecto da tua volúpia.
Não consigo resistir à voz hipnótica do homem que se encontra comigo, levanto-me prudentemente, desaperto o vestido de seda com receio. Esse parece que sofre de um mal chamado desejo, desliza pelo o meu corpo inteiro, e ao embater no chão de madeira, contorcesse como se fosse o último suspiro antes do coito. Mal tento olhar para o homem que está atrás de mim, ele diz: -Senta-te na cadeira!
Dou dois passos para trás, mal inclino ligeiramente o dorso para me poder sentar como ele pediu, sinto o vento que as mãos dele fazem na minha direcção, passa-me as mãos pelas costas, primeiramente não tem os dedos nem contra a pele nem muito longe dela. Sei ao que vieram antes de sequer me tocarem. Assim que me toca a pele nua das costas, sinto as suas pulsações ofegantes, tremiam não de medo mas sim de desejo e paixão. Agora sento-me à medida que ele desliza as mãos pelas minhas costas, toca-me nos ombros fazendo sobre eles, suaves festas devagar, com as mãos a tremelicar. Diz-me para me voltar a levantar e avançar em frente três passos. Não sei porque me deixo levar pelo timbre da voz dele. Obedeço. Agora sinto o vento que o homem provoca ao mudar de posição. Não me consigo dar conta para onde ele pretende se dirige, apenas sinto o vento meio frio, meio morno dos seus movimentos, sinto a determinação que o homem liberta a ser transportada pelo vento que se projecta sobre o meu corpo sendo o corpo a sua única barreira para o infinito. O vento passa-me pelas costas lentamente, devido ao impacto tanto me sobe de encontro aos braços e nuca como desce contornando-me as nádegas nuas e arrepiadas do murmurinho da excitação. E o homem quase a sussurrar pede-me para andar para trás. – Faz o caminho de ainda agora. Mas mais devagar. Dou três passos para trás com alguma cautela. Sei que as posições dentro do jogo mudaram, como o vento que mudou de direcção ao embater no meu corpo. No último passo que dou, sinto na dobra do joelho algo a roçar, acho que era o tecido das suas calças, não sei precisar, ia para dizer, e agora? Mas o homem, como sempre prevê o meu intento. E Pede para que eu recue e me encoste o mais possível à cadeira. Fala de tal maneira que fico a pensar que ele quer que faça de conta que ele não está sentado nela. Sinto novamente o vento que provem dos movimentos do homem. Ele agarra-me as nádegas, toca-lhes de forma delicada e deleitosa. Vagarosamente faz deslizar as mãos pelas minhas costas e barriga em direcção aos seios, os quais aperta suavemente. Eu fico a pensar, será que é o meu sentimento de disponibilidade perante o corpo que o excita? O que faço agora? Não vou fazer nada, vou permanecer imóvel à espera que ele explore todos os recantos da minha pele. Não vou provocar nada, nem mesmo dizer algo. Quero apenas sentir o que ele poderá ter para me oferecer, e depois descobrir o que tem que me faça enaltecer. Sinto as mãos dele encostadas aos meus seios não faz pressão nem mesmo os segura, apenas desliza as mãos de modo a que possa se aperceber dos seus contornos. Por trás de mim sinto a cara dele a aproximar-se, beija-me o declive devagar. Sinto a energia que liberta a envolver-me. Ela diz-me, eu amo-te, mas só pode ser assim... E deixa escorrer os lábios lentamente pelas minhas costas, até chegar à cintura, beija-me em tom terno e inigualavelmente feroz as nádegas enrijecidas e a sua pele arrepiada do frio. Sinto a energia que deixa libertar, ela envolve-me num mar de fantasia que se conjuga à sinuosa realidade. Senta-me sobre o seu colo. Está vestido, no entanto sinto as pulsações das mãos sobre a minha pele nua. É uma sensação completamente inebriante e reconfortante. É o desejo, o amar que se expressam pelo lado carnal, o desejo alcançado sobre o ser amado, a necessidade incontrolável que nos leva a perder os sentidos, tolhidos do medo do abandono e ao mesmo tempo nos eleva a prados de ondulatórios trapézios cor de mel, que nos fazem despertar para os sentidos mais primitivos, para o toque da pele meio suada que desliza carne com carne. Agora levanta-se comigo sentada em cima dele, põem-me no chão afasta-me o cabelo, beija-me o pescoço ternamente, e vai-se embora. No fim era tanta a vontade no seu coração, que preferiu não provar, com medo de nunca mais querer deixar para trás o seu reflexo.



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