9 de maio de 2004

Uma lágrima desce-me pela bainha. Lambe-a por favor.Suga-a com fervor, com paixão pelo momento, para que eu grite, para que eu expie este sentimento que me pesa, que me incute desejo inquieto. Anseio o que nenhum homem jamais conseguirá compensar, nem mesmo Eros o fará.
Tu conseguiste aproximar-te do limiar da minha contemplação... Queres atingir a divindade? Não podes, não partilhas os teus sucos com a sua predisposição. Lambe-me! Pois o meu suor é o orvalho da criação.
Faz-me viajar pelo mundo da perdição, e em troca eu levantarei o véu do meu coração, e apenas a ti darei a chave eterna que abre a caixa das absolvições efémeras.
Sou como a lua nem sempre visível, mas sempre presente, Senhor do desejo, sei que me queres, sei que te moves apenas por que anseias. Não sei quem és, não conheço a tua face. Apenas quero sentir as tuas mãos a invadirem-me, a tocarem-me, a elevarem-me para que me recoste sobre o teu adorado e espinhoso colo sagrado, que comporta a essência que em mim é de escabrosidade.

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